Sinopse | Texto | Prêmio | Volta

"Nunca me indaguei, no silêncio do alpendre, se passarinho pensava. Meu espanto e minha inveja eram pelos seus vôos. Voar não me parecia tarefa simples. Primeiro era preciso o vazio, o nada, o aberto, o sem-fronteiras. Isso interrompia minha esperança. Eu vivia sempre rodeado de impossibilidades, vigiado por paredes, muros e grades. Minhas asas só existiam para sonhar. E voar exige deslocamentos. Em sonho o vôo é apenas uma mentira. Mas, se os passarinhos não pensavam, eu acreditava que pressentiam a chegada da noite, a ameaça da chuva, o percurso dos ventos."