TEATRO - A TEMPORALIDADE E O DEVIR

"O teatro é um ato superior porque pode reabrir o espaço virtual das formas e dos símbolos, alimentando e expandindo os conflitos".
(Antonin Artaud)


Workshops: Mito. Mulher. Feminino "SAPHO". Grupo Bayu. Atriz: TATIANA MIRANTOS

Um jogo de remitência mútua, em que o constituído se confunde com o constituinte, onde nada pode aparecer como acabado, como claro e distinto, como realizado. Conflito permanente entre o Uno e o Múltiplo, cujas operações simbólicas e físicas transbordam e lutam entre si. Nenhum acontecimento é irreversível e nenhuma transformação é final. Tudo começa de novo, a cada instante.

Como diz Nietzsche: "um jogo de forças e ondas de força ao mesmo tempo uno e múltiplo, aqui acumulando-se e ao mesmo tempo ali minguando. Um mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente mudando, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retorno, com uma vazante e enchente de suas configurações, partindo das mais simples e mais múltiplas, do mais quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo e depois outra vez voltando da plenitude ao simples, do jogo de contradições de volta ao prazer da consonância, afirmando ainda a si próprio, nessa igualdade de suas trilhas e anos, abençoando a si próprio como aquilo que eternamente tem de retornar, como um vir-a-ser que não conhece nenhuma saciedade, nenhum, fastio, nenhum cansaço -: esse meu mundo Dionisíaco do eternamente criar-a-si-próprio, esse mundo de volúpia, esse meu para além do bem e do mal, sem alvo... vontade de potência.".

Reproduzir um ato de criação em devir permanente, onde a regeneração do tempo é continuamente efetuada através do rito, do mito. A repetição dos atos arquetípicos como um incessante ensaio dos mitos primordiais que, embora aconteça no tempo, não carrega o peso do tempo, não registra a irreversibilidade do tempo. Um presente contínuo, um presente atemporal. "O presente é aquilo que já foi e aquilo que virá-a-ser. O presente não é", observa Deleuze. O eterno vir-a-ser, repetição cíclica. "No eterno retorno ao caos do princípio, a regeneração da vida, do mundo, do cosmo", diz Mircea Eliade. Revezar-se de vida e morte. "A morte de um contrário é a vida de um outro e a morte deste é o retorno do primeiro à existência. Imagem do fogo, que se acende e se apaga na mesma medida. Imagem de um mundo em incessante mudança, onde nada permanece idêntico a si mesmo: o dia vira noite, o inverno vira primavera, o doce se torna amargo, o pequeno vira grande, o grande diminui, o quente esfria, o frio se aquece", comenta Heráclito.

"É paradoxal que em nossas vidas
O vazio possa ser repleto
O negativo possa ser afirmativo
O vácuo possa ser o lugar em que
a maioria das coisas acontecem."

(Lao Tsé)

"O caminho para cima e o caminho para baixo são um único e mesmo caminho. Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome", afirma Heráclito e confirma Lao Tse: "todos os opostos são polares e, dessa forma, unidos. Partes extremas de um único todo num processo vibratório de criação e destruição, movimento e repouso, existência e não existência."

"A dança de Shiva simboliza não apenas os ciclos cósmicos de criação e destruição, mas também o ritmo diário de nascimento e morte, constituindo a base de toda a existência e de todos os fenômenos naturais".
(Amanda Coomaraswamy)

A contínua criação-destruição do universo, a morte equilibrando exatamente o nascimento, o aniquilamento como o fim de tudo aquilo que veio à existência. A dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis.
Nessa experiência, a seqüência temporal é convertida numa coexistência simultânea. Não existe divisão do tempo como o passado, o presente e o futuro, "pois tais divisões contraíram-se num único momento do presente, onde a vida palpita em seu verdadeiro sentido. Passado e futuro são trazidos até esse momento presente de iluminação e esse momento presente não é algo que permanece parado com tudo aquilo que contém, pois, incessantemente, ele se move", diz D.T. Suzuki.

"... mas para viver não há quase tempo nenhum. Porque viver ocorre a cada instante e esse instante está sempre mudando. Cada momento apresenta o que acontece."
(John Cage - Conferência na Julliard School of Music)

É o tempo privilegiado em que o indivíduo não apenas se sente existir, como se sente mais verdadeiramente existir, onde o ser está livre para ser constituído.
É nesse tempo, nesse momento, observa Bachelard, "que o tempo jorra. É nesse instante que o tempo não corre mais. Detém-se o tempo horizontal, o tempo linear, o tempo da prosa e enrola-se (ao invés de desenrolar-se) o tempo poético, o tempo vertical, o tempo do acréscimo do ser ao ser."
Irromper o tempo homogêneo. Recuperar o tempo do calendário. O Rito. Transcender o discursivo. Tempo mítico. Um tempo onde o homem se veja e se sinta existindo, onde mais ser seja acrescentado ao ser desse homem, onde esse homem se constrói. "É o momento do presente, deste instante", comenta Bachelard... " o presente surge como forma de toda vida possível. Nada antes, nada depois." A essência do homem existindo.

É nesse tempo que se instaura o TEATRO.
Um jogo ligado ao imprevisível, onde as regras nascem durante, nascem da lógica do acaso, onde cada lance lança suas regras, abolindo as certezas, abrindo novas questões, num olhar sempre inaugural sobre o mundo, emergindo no Perigo, no desejo invencível do vir-a-ser.

"De um lado o teatro perdeu o sentido do sério e da eficácia perniciosa que consiste em manter todas as coisas em conflito, com sua negação radical, o PERIGO. De outro, perdeu o sentido do humor com sua força de dissociação física e anárquica"..."o sentido do humor e do perigo funcionam como forças em jogo na produção do imprevisto objetivo."
(Antonin Artaud)

Um teatro contra o que na vida há de constituído, de manifesto e de fixo. Um além teatro, na medida em que pretende para si a eficácia da magia e do rito.

"Nosso mito emudeceu
e não dá respostas."

(Jung)

Criar uma CENA VIVA. PRIMAL. Confrontação mítica e ritualística com a obra. Captação ancestral. Nos colocar em outros estados de consciência. Uma primeira via - que trabalha o sensível (a sensibilidade e não o emocionar-se), o intuitivo, a vivência. Insights, gestos, imagens, frases, estados de vivência mítica, fluxos de consciência. E uma segunda via - intelectual, racional, que dá campo de referência, rede de associações.
Resgatar o sagrado, buscando uma cena vitalizada. Despojar de psicologismo e assumir a condição mítica. O território do inconsciente coletivo. O ser e o não-ser num universo de signos e símbolos, onde o que é não é, ou quando muito não passa de uma possibilidade, vislumbrando o que está além da percepção do real, da realidade objetiva. Já não se trata de "personagens", mas de entidades, de arquétipos. "A ação longe de copiar a vida põe-se em comunicação com as forças puras: tudo aquilo que provoca o nascimento, no inconsciente, de imagens energéticas e no exterior, do crime gratuito", diz Artaud.

"A beleza na Arte dever ter a força
de um poema, isto é, de um crime."

(Jean Genet)

Encontrar a fonte viva do próprio teatro. "Proponho um teatro no qual imagens físicas violentas, triturem e hipnotizem a sensibilidade do espectador, que se vê no teatro, como presa de um turbilhão de forças superiores. Um turbilhão de vida que devora as trevas e tem o poder de transtornar e encantar. Um mal superior, porque é uma crise completa, após cuja passagem resta apenas a morte ou a purificação radical", observa Artaud.
A crueldade pertence a essa dimensão inumana, ou melhor, quase humana, onde o teatro pode eficazmente "manifestar e ancorar inesquecivelmente em nós a idéia de um conflito perpétuo e de um espasmo onde a vida se dilacera a cada minuto, onde tudo na criação se ergue contra nosso estado de seres constituídos." (Artaud)
O palco aparece assim como o lugar do mal absoluto, mas também como o crivo da vida. Anárquico, epidêmico, produz formas, ações, sentimentos, idéias num confronto originário de vida e morte.

"Parece que através da peste e coletivamente, um gigantesco abscesso tanto moral quanto social é furado; e assim como na peste, o teatro existe para abrir coletivamente os abscessos."
(Artaud)

Há no teatro como na peste alguma coisa ao mesmo tempo vitoriosa e vingadora. O homem rebelado contra a fatalidade, se insurge contra ela e cria em função dessa revolta.

"A arte como a redenção do que conhece - daquele que vê o caráter terrível e problemático da existência, que quer vê-la, do conhecedor trágico.
A arte como a redenção do que age - daquele que não somente vê o caráter terrível e problemático da existência, mas o vive, quer vivê-la, do guerreiro trágico, do herói.
A arte como a redenção do que sofre - como via de acesso a estados onde o sofrimento é transfigurado, divinizado, onde o sofrimento é uma forma de grande delicia."

(Nietzsche)

O teatro nos desacorrenta. Dionísio que desacorrentava as mulheres e as possuía. "As possuídas de Dionísio." Deus da embriagues, da libertação, da supressão das proibições e dos tabus, deus das catarses e da exuberância. Deus das formas inumeráveis, fogo perpétuo, mutação perpétua, introduz na matéria movimento e energia. Dionísio está profundamente imerso no tempo: ritmo, música, embriaguês, orgia. Está sempre despedaçando (esquartejamento) para se refazer. Destruições e desaparecimentos, seguidos de retorno à vida e regenerações.
O teatro vai nos propor esse renascimento, por meio da purgação total - "até que ponto pode ir seu amor, seu ódio, suas paixões? O teatro nos revela a nós mesmos", diz Vera Felício.

"Vamos ao teatro para nos evadirmos de nós mesmos, ou, caso se queira, para nos reencontrarmos naquilo que temos, não propriamente de melhor, mas de mais raro e de mais crivado."
(Artaud)

Com esse teatro nós reatamos com a vida em lugar de nos separarmos dela, pois esse teatro é provocador de tudo aquilo que a vida dissimula ou não pode expressar.
Uma cena cujo espaço antes foi dito das sombras. Espaço espesso, opaco, lento e lúdico, aberrante, talvez.
Além de mítico, espaço de absorção, espaço da experiência. Uma cena visionária, de opaca clarividência.
Cena onírica, lírica, que leva o indivíduo ao fundo das coisas, ai invés de deixá-lo flutuar cômoda e ordeiramente à superfície de si mesmo. "Esse caminho surge como forma privilegiada, na medida em que esta, enraizada em motivos mítico-mágicos constituintes da matriz do sujeito, se mostra capaz de promover a recomposição do eu fragmentado", diz Cassirer.
Uma cena, que apoiada no mito e na embriagues, não mergulha no desatino. Apenas joga com as bases dessa insensatez e nesse jogo, praticado segundo alguma disciplina (pois é visão e não sonho), tece uma espessura sobre a qual será possível ao ator locomover-se e construir-se.
Uma cena tão virtual, quanto a alquimia: "a operação teatral de fazer ouro ou a operação de fazer ouro teatral - produzir uma matéria - o novo sujeito, tendente para o nós - através do jogo de forças lançadas umas contra as outras. Um embate, cujas conseqüências eventualmente desembocariam na decantação bruta, primitiva, por isso fértil, de um sujeito inteiro, essencial", comenta Teixeira Coelho.
Esta cena que não é um material pronto, pré-parado, mas uma matéria em ebulição na direção de um possível, produzirá visões: "dialética de aberrações, fantasmas, miragens e alucinações, proponentes de sombras capazes, apenas elas, de combater a fragmentação do eu/nós, pois podem fundir todas as aparências em uma expressão única", continua Teixeira Coelho.
Pelo duplo, o teatro quer tornar sensível essa unidade múltipla da vida, onde a ilusão é verdadeira, a destruição é construtiva e, a desordem, ordenada.
Assim, o teatro extrai ordem da brutalidade ciclônica da natureza - no eterno retorno ao caos do princípio, a regeneração da vida, do mundo, do cosmo. Combustão. Irrupção.
O ciclo do teatro é o ciclo do caos e cosmo em devir permanente. É o ciclo de Dionísio (sem forma, fragmentado, despersonificado, arquetípico) para Apolo (a forma, o símbolo). O teatro é o ponto de junção do conflito terrificante entre Dionísio e Apolo.

"O homem reflete em si uma grande batalha. Esta não está só no consciente, mas no inconsciente, onde se dão os maiores encontros. Os impulsos negativos e os positivos chocam-se. O que o consciente às vezes recebe é simplesmente o resíduo dessas lutas que se travam nas sombras."
(Nietzsche)

Para Grotowski, o teatro deve invocar e mostrar despido aquilo que a vida cotidiana encobre. O desvendamento do ator, que se fará não para o espectador, mas diante dele. Esse desvendamento baseado num esforço de total sinceridade, exige do indivíduo a aceitação de uma renúncia a todas as máscaras, "mesmo as mais íntimas". E essa sinceridade provoca um ENCONTRO entre ator e espectador, produzindo um efeito de abalo, que pode ser muito profundo e adquirir a força de um acontecimento do qual o espectador sairá transformado.

"Se ao desafiar-se publicamente a si mesmo, o ator desafia os outros e, através do excesso, da profanação e do ultraje sacrilégio se revela tal qual é, arrancando a sua máscara de todos os dias, ele permite ao espectador empreender um processo semelhante."
(Grotowski)

O teatro nos exige uma crueldade interna: " que nós nos reformulemos", observa Vera Felício. O teatro da crueldade é extremamente violento contra nós mesmos. Trabalha o auto-desnudamento, nos transforma - jorra sangue, metaforicamente.

"Jogamos nossa vida no espetáculo que se desenrola no palco; e para o espectador, seus sentidos, sua carne estão em jogo. Ele deve ser convencido de que nós somos capazes de fazê-lo gritar."
(Artaud)

Uma prática que se dá no presente, no imediato - o ato. O TEMPO pressentificado no ato imediato, o tempo "Aion", segundo Deleuze, onde "passado e futuro são ilimitados e recolhem à superfície os eventos incorporais, enquanto efeitos." Não existe "antes" e "após", por isto, inexiste causalidade. Uma coexistência simultânea que não permanece estática, mas torna-se um continuum vivo.

"Cada algo é a celebração de um nada que o carrega."
(John Cage - Conferência na Julliard School of Music)

É a ampla vida de um silêncio extremamente povoado. É entrar no deserto para saber que o deserto é vivo. Reservatório de possibilidades infinitas. Não é a presença da morte na vida que faz de seu centro um vazio, pois vida e morte são apenas duas faces da força multiplicadora da criação. E sim que "a vontade de produção do duplo se dá sempre no limite de sua impossibilidade; ou melhor, toda produção de força vital exige - provoca e é provocada - pelo Nada", observa Artaud.

É a roda infinita do Devir, onde o caos é condição necessária da produção da forma. Desconstruir, descentrar, desintegrar - construir, equilibrar, integrar: movimento contínuo do vir-a-ser. Espiral. Imaginação dinâmica. Esfera das virtualidades, do não-sentido. O ir-se abrindo e se metamorfoseando.

"O primeiro algo nos lança dentro do nada e desse nada surge o algo seguinte... como uma corrente alternada.
Nenhum som tem o silêncio que o extingue.
Nenhum silêncio existe que não esteja grávido de sons."

(John Cage - Conferência na Julliard School of Music)

São várias as experiências teatrais que buscam vivenciar essa temporalidade. Cito algumas:

  • o Teatro do Absurdo, que nos coloca diante da dualidade da condição humana. Dualidade da angústia, das obsessões, desejos, pesadelos, onde acontece a suspensão de certezas inabaláveis. Não há enredo, não há linearidade, não há ponto fixo. A linguagem perde seu valor literário em favor da evocação - ausência de lógica no sentido discursivo, fragmentação, descontinuidade. O tempo enquanto vir-a-ser, enquanto deixar ser, ligado ao acaso, onde as situações estão ligadas em uma combinatória de possibilidades. Um teatro que se dá na imobilidade do instante e irrompe esse instante. Não há começo. Não há fim. Becketh, Ionesco, Genet nos mostram a essência do homem existindo.
  • o Teatro de Bob Wilson, onde cada gesto é pressentificado nos limites máximos de sua existência, onde o espaço é marcado pela lentidão, através de movimentos imperceptíveis e pelo predominante silêncio.
  • a Ópera Chinesa, onde a duração entendida como lentidão aparece como o traço constitutivo, sem o qual a cena não seria o que é.
  • o Teatro Japonês, o Teatro Nô, marcado pela mesma lentidão que está presente nos gestos da arte marcial.
  • O Teatro de Tadeusz Kantor, onde na repetição do gesto, se torna presente alguma coisa anterior a nós mesmos, alguma coisa que já existiu e perdura em nós, como um eco. Na repetição, revela-se o que é permanente. O essencial fica e pressentifica.
  • o Dadaísmo - o tempo desestabilizador, como ruptura do real.
  • o Teatro de Peter Brook - teatro efêmero, tempo como processo, como puro devir. "O fenômeno teatral é uma combustão." Irrupções.
  • o Teatro de Antunes Filho - o sentido do percurso, reproduzindo no palco as várias "estações poéticas, possibilitando uma maneira de se estar e de se evoluir em cena." Os atores, às vezes, parecem flutuar.

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    Esperando Godot,
    de Samuel Beckett.
    Direção de Gerald Thomas.
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    Conto de inverno,
    de Willian Shakespeare,
    por Bob Wilson.
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    Wielopole, Wielopole,
    de Tadeusz Kantor.
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    Happening,
    by Eustachy Kossakowski.
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    Medéia, de Euripedes.
    Direção: Antunes Filho.

    E é Mircea Eliade que diz: "é em momentos como o da luta, do combate, que o homem se sente mais intensamente, efetivamente viver - em cada gesto meu, preciso ter plena consciência do que estou fazendo, de que estou vivo, para continuar vivo - e assim, por um instante, pelo menos, o gesto é intensificado, pressentificado, construído ao máximo."
    Espaço do pré-sentido, da mera possibilidade. A cena primeira, da Primeiridade. Primeiridade do possível, do imediatamente possível, em que se fundem o real e o imaginário.

    Um Portal do Tempo e do Espaço - Teatro.

    Ao atravessar esse limiar - a porta - entramos para a comunidade dos que vêem. Lá, onde o mundo é corpo humano, olhar humano, sopro humano. Lá, onde se torna possível a comunicação com os deuses.

    Portal do Tempo e do Espaço. Um tempo e espaço sagrado. Forte. Significativo. Um tempo de Festa, onde o acaso nos reune numa mesma sala, fora do tempo do cotidiano e entramos em uma outra ordem, um outro universo.

    "Procuro na agitação das massas, um pouco dessa poesia que se encontra nas festas e nas multidões naqueles dias, hoje bem raros, em que o povo sai às ruas."
    (Artaud)

    Festa. Rito. Mito. Eterno Retorno.
    É nesse Tempo que o teatro se constrói.
    É esse Tempo que busco nas evocações e epifanias do meu inquietante e constante mergulho no Espaço das origens - Teatro.

    ( por Cristina Tolentino - e-mail: cristolenttino@yahoo.com.br )

    OBS: Dedico este artigo a Vera Felício, minha Mestra na USP, por ocasião do meu mestrado.

    Bibliografia:

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  • ARTAUD, Antonin. Os Sentimentos Atrasam. Lisboa, Hiena Editora,1993.
  • ARTAUD, Antonin. O Pesa - Nervos. Lisboa, Hiena Editora,1991.
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  • BACHELARD, Gaston. A Dialética da Duração. São Paulo, Editora Ática, 1994.
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  • BROOK, Peter. Ponto de Mudança. Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1994.
  • CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo, Ed. Palas Atena, 1990. CAPRA, Fritjot. O Tao da Física. São Paulo, Editora Cultrix, 1983.
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  • ELIADE, Mircea. O Mito do Eterno Retorno. Lisboa, Edições 70, 1969.
  • ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Lisboa, Ed. "Livros do Brasil", 1956.
  • ELIADE, Mircea. Tratado da História das Religiões. Lisboa, Ed. Cosmo, s.d.
  • ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos. São Paulo, Martins Fontes, 1991.
  • ESLLIN, Martin. Teatro do Absurdo.
  • FILHO, Antunes. Dossiê Teatro. São Paulo, USP, revista nº 14, 1992.
  • GROTOWSKI, Jerzy. Em Busca de um Teatro Pobre. Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira S.A, 1987.
  • GROTOWSKI, Jersy. Máscaras : Caderno Iberoamericano de Reflexion sobre Escenologia, Ano 3 n( 11-12, México, 1993.
  • HERRIGEL, Eugen. A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen. São Paulo, Editora Pensamento,1975.
  • JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus Símbolos. São Paulo, Ed. da Unicamp, digo, Ed. Nova Fronteira.
  • KANTOR, Tadeusz. El Teatro de La Morte. Buenos Aires, Ediciones de La Flor, 1984.
  • MAGALDI, Sábato. O Texto no Teatro. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1989.
  • NIETZSCHE, Friedrich. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.
  • PRONKO, Leonardo C. Teatro Leste & Oeste. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1986.
  • PRÉ-SOCRÁTICOS. Tradução de Wilson Regis, Coleção Os Pensadores. São Paulo, vol. I, Nova Cultural, 1989
  • VIRMAUX, Alain. Artaud e o Teatro. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1990.

    Peças Teatrais:

  • Esperando Godot - Samuel Beckhett
  • Fim de Jogo - Samuel Beckhett
  • Dias Felizes - Samuel Beckhett
  • O Balcão - Jean Genet
  • As Criadas - Jean Genet
  • Rinocerante - Eugene Ionesco
  • A Lição - Eugene Ionesco
  • Cemitério de Automóveis - Fernando Arrabal

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