Devětsil – Uma vanguarda tcheca
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Devětsil – Uma vanguarda tcheca

O Cine Humberto Mauro e a República Tcheca trazem a mostra inédita em Belo Horizonte “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”. Os filmes que compõem a iniciativa compreendem a produção cinematográfica da Tchecoslováquia dos anos 1920 até os 1970 e trazem a experimentação para dentro da linguagem cinematográfica. A maioria dos trabalhos serão exibidos pela primeira vez na cidade e versam, dentre outros temas, sobre participação dos indivíduos na vida social e a emancipação feminina. Para explorar ainda mais a cinematografia do território cravando no leste europeu, a programação apresentará duas sessões do programa “História Permanente do Cinema” que serão comentadas por especialistas. A mostra será exibida dos dias 18 a 31 de maio, no Palácio das Artes e tem entrada gratuita. Ao todo, serão exibidos quinze longas-metragens. A mostra é correalização do Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo e tem apoio do Consulado Honorário em Belo Horizonte e Cinemateca Capitólio.

Tendo o movimento Devětsil como ponto de irradiação, a seleção de filmes que compõem a mostra apresenta ao público um panorama cinematográfico que percorre seis décadas do cinema tcheco, no qual os cineastas foram influenciados por uma ampla gama de tendências e estilos, desde a vontade de produzir narrativas sobre uma realidade interior, ao influxo do surrealismo, do realismo socialista e da literatura produzida por seus conterrâneos.

Para Vitor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro, a mostra reafirma o papel de destaque do cinema na formação de público. “Esse tipo de projeto abre uma na janela de exibição de filmes pouco vistos e acessíveis. A iniciativa fortalece as parcerias culturais com outros países, pois permite que tenhamos acesso a cópias restauradas em um ambiente de cinema. Além disso, o cinema é a melhor forma de mergulhar em outras épocas e outras realidades”, pontua Miranda.

Na abertura da “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”, o público do Cine Humberto Mauro vai poder acompanhar e mergulhar no universo da cineasta Věra Chytilová numa sessão da mostra História Permanente do Cinema. Com narrativa e linguagem experimental, “O Fruto do Paraíso” (Ovoce stromů rajských jíme) convida à reflexão sobre o mundo que nos cerca. A sessão será comentada pela professora e pesquisadora de cinema e comunicação Nina Gazire. Após a sessão, teremos uma degustação de cervejas e vinhos tchecos promovida pelo Consulado.

No dia 25 de maio, será exibido o filme “Conflito dos Sexos” (Erotikon), de Gustav Machatý, que faz parte da série “História Permanente do Cinema”. O trabalho será exibido em sessão única no dia 18 de maio, às 19h. A obra, de 1929, é permeada de tensão sexual e sedução, revelando uma visão inovadora e extemporânea da sexualidade no cinema. A exibição vai contar com o especialista Victor Guimarães, que irá conduzir uma análise sobre o filme e também sobre a sétima arte em si.

Devětsil – Fundado oficialmente em 1920, na cidade de Praga, com a divulgação do Manifesto Devětsil, o movimento foi a fonte de crescimento mais significativa a longo prazo para o cinema da Tchecoslováquia. Ao longo de uma década, o movimento inspirou diversas manifestações vanguardistas no coração da Europa central, desde letras, artes visuais, design, música até o teatro e o cinema.

Em um cenário pós-guerra, vários movimentos surgiram na Europa como o ‘Dada’, em Zurique, e o ‘De Stijl’, em Amsterdã, por exemplo. Devětsil também está incluído em um dos primeiros desses movimentos a oferecer um genuíno manifesto socialmente progressista, ligando as artes a seu propósito na sociedade. Inspirado pelos experimentos dos dadaístas, mas com a intenção de ter um impacto positivo em sua recém-formada república da Tchecoslováquia; o grupo de jovens artistas, escritores, arquitetos e dramaturgos procurou se afastar da direção burguesa pré-guerra dos ‘ismos’, concentrando-se na beleza simplista dos objetos cotidianos. Esse ideal pretendia atrair as classes trabalhadoras da Tchecoslováquia.

Entre os precursores do movimento estava o escritor Vladislav Vančura, que, em 1931, publicou o romance “Markéta Lazarová”, uma das obras mais radicais e influentes da arte tcheca. Seus trabalhos como roteirista e diretor, entre o fim dos anos 1920 e o início dos 1930, marcaram o nome do artista entre os protagonistas da primeira fase do cinema no país, que também teve como figura central outro integrante reconhecido do movimento, o escritor Vítěslav Nezval, que roteirizou filmes como “Conflito dos Sexos”, de Gustav Machatý, lançado em 1929. Outros nomes ligados ao Devětsil, como os atores Jiří Voskovec e Jan Werich e o compositor Jaroslav Ježek, também deixaram sua marca em muitos filmes populares realizados nos anos 1930, como “Trabalhadores, Vamos Lá”, comédia social de enorme sucesso dirigida por outro pioneiro do cinema tcheco, Martin Frič.

Já na década de 1960, quando uma nova geração vanguardista assume as rédeas da criação cinematográfica do país, a inspiração do movimento se torna novamente decisiva, especialmente a partir dos filmes realizados por meio da inspiração de obras literárias escritas por Nezval e Vančura, na década de 1930, como “Markéta LazarovᔓUm Verão Caprichoso” e “Valerie e sua Semana dos Deslumbramentos”.

Informações

Mostra

“Devětsil – Uma vanguarda tcheca”

Data

18 a 31 de maio. Ver horário na programação.

Ingressos

gratuito


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ACESSE AS SINOPSES

Local

Cine Humberto Mauro, Palácio das Artes

Endereço

Av. Afonso Pena, 1537 – centro, Belo Horizonte/MG

Informações para o público

31 3236-7400

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