Filmes dos anos 50
Rock no Cinema

Filmes dos anos 50

História do Rock no Cinema |  Filmes dos anos 50

Texto: Rober Machado
Colaboração: site Omelete

 

Um público segmentado

Nos anos 50 surge um ser estranho na sociedade. Não era adulto nem criança e vivia cheio de problemas e questionamentos: o adolescente.

No filme Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955), o diretor Nicholas Ray retratava a juventude da época, que gostava de música mais barulhenta do que a que seus pais ouviam, tinham seus conflitos, suas dúvidas com relação ao mundo e precisavam de auto-afirmação – como podemos ver, em 50 anos nada mudou.

O visual de James Dean acabou virando um padrão: calça jeans, camiseta branca, jaqueta de couro. Marlon Brando também exibia uma estética semelhante no filme O Selvagem (The wild one, 1953), também influenciando os jovens.

O nascimento do rock

Em 1954, Bill Haley and His Comets lançou a música “Rock Around the Clock”, o marco inicial do rock and roll.

A canção foi incluída no filme Sementes da Violência (Blackboard jungle, 1955), contribuindo para o seu sucesso.

O próprio Bill Haley, em companhia de seus cometas, estrelaram um filme chamado No Balanço das Horas (Rock Around the Clock, 1956) que, além de apresentar seus sucessos – como a canção título – também contava com a presença de outras bandas, como The Platters, e músicas do calibre de “Only You” e “The Great Pretender”.

Filmado em janeiro de 1956, esse é considerado o primeiro filme de rock and roll, também sendo o primeiro a ter problemas.

Nos cinemas onde o filme era exibido, segundo relatos da época, os jovens pulavam nas poltronas, berravam adoidado, rasgavam cortinas e ousavam levantar as saias das garotas.

Tudo devido a esse “ritmo selvagem” criado por um gorducho de 29 anos e meio careca.

No jornal Folha da Noite de 2/10/56 foi publicado o seguinte: “Mas é essa musica que, dançada pelos interpretes do filme, causa conflitos no seio de jovens mal formados pela educação modernizada, dando assunto aos estudiosos de problemas psicológicos”.

Como se pode notar, rock and roll, juventude rebelde, problemas com a sociedade e cinema (e a atitude reacionária dos conservadores) estão juntos desde os primórdios.

Assim como esse filme com o Bill Haley, vários outros – também de baixo orçamento – foram rodados na época para aproveitar a popularidade do novo ritmo que, muitos achavam, não iria durar.

Na sua maioria, eram filmes com um fiapo de história que servia somente para intercalar números musicais. Também era comum filmes com músicos tocando num determinado momento do enredo.

Filmes assim ainda são feitos até hoje. A maioria acaba solenemente esquecida. Essa série de artigos vai se concentrar apenas nos mais relevantes, deixando os obscuros de lado.

O cinema olha para a época

Dos pioneiros do rock, Jerry Lee Lewis ganhou um filme em 1989 contando a sua história: A Fera do Rock (Great Balls of Fire!).

Ele é interpretado por um alucinado Dennis Quaid, num dos melhores papéis de sua carreira. A história é contada do ponto vista de sua segunda esposa, que também era sua prima e tinha 14 anos na época, Myra Gale, interpretada por Winona Ryder.

O próprio Jerry Lee reclamou de algumas cenas do filme, afinal não era a sua versão da história.  Mesmo assim ajudou Quaid a compor o personagem e participou do videoclipe do filme com os dois tocando juntos.

O filme retrata sua personalidade intempestiva, suas performances literalmente incendiárias, seus problemas pessoais, mas acaba tendo um certo tom moralista no final.

Jerry Lee Lewis, que se auto-intitulava “The Killer”, foi o primeiro roqueiro de vida atribulada, algo que virou um certo padrão no gênero.

Sendo ele um dos grandes criadores do gênero, vale lembrar uma frase de John Lennon: “não creio que jamais tenhamos feito alguma coisa melhor que ‘Whole Lotta Shakin Going On’.

Outro que teve sua vida retratada num filme foi Ritchie Valens em La Bamba, de 1987. Valens seria apenas uma nota de rodapé na história do rock se não fosse por esse filme.

Teve uma carreira meteórica, encerrada oito meses depois numa tragédia aérea. Emplacou três hits sem nada de inovador.

O grande sucesso que o filme teve trouxe a música-título para as paradas novamente. Numa representação um tanto esquemática da vida dele, o filme teve um grande apelo popular, impedindo que Valens caísse no completo esquecimento.

No mesmo avião em que Valens embarcou para a sua fatídica viagem estava Buddy Holly. Esse sim foi uma grande perda para o rock e merecia um novo filme (o artista foi tema de The Buddy Holly Story, de 1978, que ganhou Oscar de Melhor Canção).

Criador do conceito do que depois iria se chamar power trio – banda somente com guitarra, baixo e bateria – Holly ia contra a corrente da época: não falava de rebeldia, carros e garotas, além de se apresentar de óculos. Suas canções até hoje ganham versões de músicos famosos.

Também não deixou de ser homenageado pela própria música: “American Pie”, de Don McLean, faz reverência a ele (“the day the music died”).

Madonna regravou a música recentemente, mas isso é outra história… Também vale ressaltar que a canção não tem nada a ver com o filme de mesmo título.

Vários outros artistas dessa época renderiam grandes filmes, Little Richard é o melhor exemplo. Eddie Cochran, outro que morreu jovem, também tem uma carreira interessante, sem falar em nomes como Carl Perkins e Gene Vincent

Chuck Berry chegou a aparecer em A Fera do Rock, só que numa participação que dizia muito pouco a respeito dele. Sua carreira permanece restrita na tela grande à revelação que “Johnny B. Goode”, seu maior sucesso, foi criada na verdade por Marty McFly durante o baile do filme De Volta Para o Futuro (Back to the future, 1984)…

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