As “dez mortes” de KEITH RICHARDS – parte 2
Crônica da Era do Rock, por Rodrigo Leste
Seguem agora mais cinco das “dez mortes” de Keith Richards que, segundo nosso PHD pop, Marcos Kacowicz, é “O Rock em pessoa!”
6.1973 – Fogo em Redlands
Ninguém duvida do fato de que Keith estava chapado quando tocou fogo em sua propriedade. A casa era chamada Redlands. Muitos apostam que cigarros acesos foram os causadores do incêndio mas em sua autobiografia, “Life”, KR diz que o responsável pelo fogo foi um rato que comeu a fiação… Seja como for, o fogo espalhou-se pelo telhado enquanto Keith, Anita Pallenberg e as crianças corriam para se salvar. Cobrindo o rosto com trapos molhados, o guitarrista retornou à casa para arrastar para fora os objetos mais preciosos. Existem fotos famosas que documentam o rescaldo, incluindo uma onde vemos Keith sentado no gramado, em cima de um carrinho de bebê… fumando (rsrs).
7. 1973: Troca de Sangue
Um dos grandes mitos do rock é que, em 1973, o sangue de Keith Richards foi totalmente trocado. Um especialista realizou um procedimento experimental no qual o roqueiro trocou todo o seu sangue sujo por outro, limpinho. O lance seria como uma espécie de troca de óleo do motor de um carro.
A terapia tinha por objetivo fazer com KR ficasse pronto para encarar a maratona de shows (e aguentar a nova onda de drogas que certamente iria consumir). O responsável por isso teria sido um médico da Califórnia que fez o tratamento depois do show de 23/9/1973 em Innsbruck, na Áustria. A ideia era fazer com que, depois de passar três dias sedado, Keith estivesse pronto para o show dos RS em Berna, na Suíça
Concluindo: tudo indica que a famosa “troca de sangue” não passa de uma piada sarcástica, bem ao estilo KR, pra sacanear um repórter que o andava aporrinhando. O mané caiu na armadilha e publicou a mirabolante hemotransfusão como uma declaração verdadeira (e bombástica) que ele arrancou do pop star.
8. 1998: Queda da Biblioteca
Pensar que, apesar de todas as drogas e da vida desregrada que levou, Richards quase foi destruído por uma avalanche de livros pesados…
Ele já contou essa história inúmeras vezes:
“— Eu estava na biblioteca de minha casa em cima de uma escada para pegar um livro sobre um estudo de anatomia de Leonardo da Vinci; dei uma vacilada e escorreguei. Uma avalanche de livros caiu em cima de mim. Quase empacotei, rsrs.”
O acidente resultou em três costelas quebradas e no adiamento de uma turnê dos Stones.
KR, arremata:
“— Foi um daqueles momentos em que você tem que tomar uma decisão: levar um tiro nas costelas ou levar um tiro na têmpora.”
Filosofou ele com um esgar:
“— Afinal, tudo faz parte do rico espetáculo da vida.”
9. 2006: Queda de uma árvore em Fiji, Oceania
Os tabloides sensacionalistas ingleses gastaram as tintas para estampar manchetes colossais:
KEITH RICHARDS QUASE MORRE AO CAIR DE UMA PALMEIRA EM FIJI!!!
Em 2006, Keith Richards passava as férias com sua família e a de Ronnie Wood na ilha de Fiji. Embora relatos iniciais indicassem que ele havia sofrido uma pancada forte após cair de uma árvore de 12 metros, Richards revelou posteriormente que caiu de uma altura de no máximo 2 metros. E não de uma palmeira, como foi divulgado, mas sim de uma árvore.
Em sua autobiografia ,”Life”, Richards descreveu o acidente:
“Era uma árvore baixa e retorcida, que era basicamente um galho horizontal. E tinha uns dois metros de altura. Após nadar, subi na tal árvore e a queda ocorreu quando ouvi um grito, alguém me chamando para almoçar.”
Ele continua:
“Tinha outro galho na minha frente, então pensei: ‘Vou me segurar nele e descer com cuidado’. Só que eu esqueci que minhas mãos ainda estavam molhadas, e o galho estava coberto de areia, ou algo assim, então não consegui segurar. Eu caí com tudo sobre meus calcanhares, e minha cabeça foi para trás e bateu no tronco. Com força. Foi só isso. Eu nem me preocupei na hora.”
Exames realizados na Nova Zelândia, para onde KR foi levado, revelaram que o caso era grave. Segundo o neurocirurgião Andrew Law que o operou: “havia um coágulo bem grande, com cerca de um centímetro e meio de espessura, pelo menos, talvez dois. Parecia uma geleia espessa. E nós o removemos. Havia uma artéria sangrando. Eu simplesmente tampei a artéria, lavei e a recoloquei no lugar. E então ele acordou logo depois e disse: ‘Meu Deus, melhorou!’ Ele teve alívio rápido da pressão e se sentiu muito melhor após a cirurgia, imediatamente, ainda na mesa de operação”.
Em “Life”, Richards comentou como os cirurgiões procederam:
“—Eles abriram o crânio, sugaram todos os coágulos sanguíneos e depois recolocaram o osso como um chapeuzinho com seis pinos de titânio.”
10. 2008: “A coisa mais estranha que já tentei cheirar? Meu pai. Cheirei meu pai”,
Keith Richards admite ter ingerido todo tipo de substância na vida. Mas nenhuma tão bizarra quanto a que ele revela em sua última confissão: ele cheirou as cinzas do pai.
Em uma entrevista publicada pela revista musical NME, KR, que nunca negou que participava de cafés da manhã regados a tequila e maratonas de drogas, contou como certa vez provou as cinzas do pai misturadas com cocaína.
“Ele foi cremado e eu não resisti. O triturei com um pouquinho de cocaína. Meu pai não se importaria, ele não deu a mínima. Foi tudo muito bem, e eu ainda estou vivo.”
Bert Richards morreu aos 84 anos. Ele era operário de fábrica e foi ferido na Segunda Guerra Mundial.
Talvez este não tenha sido um incidente que quase matou Richards, mas certamente este episódio, foi um contato muito próximo com a morte.
Peguei carona em: NME Magazine, Whiplash e UCR.
Pitacos e revisão: Hilário Rodrigues
Colaboração midiática: @rodrigo_chaves_de_freitas
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