Teatro Grego II Introdução
Teatro Grego Parte2

Teatro Grego II Introdução

História do Teatro | Teatro Grego – Introdução, parte II

Texto: Cristina Tolentino
cristolenttino@gmail.com

 

Natureza e Estrutura da Tragédia

Teatro Grego

A célebre Poética de Aristóteles, que consagra um capítulo inteiro à “teoria da tragédia”, nasceu da observação dos espetáculos gregos.

Aristóteles considera a tragédia como o gênero mais elevado, admitindo que o seu principal elemento é a ação purificadora das paixões (teoria da catarse), graças aos sentimentos de piedade e de terror que a determinam.

“Imitação de uma ação de caráter elevado (completa e de certa extensão) em linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamentos distribuídas pelas diversas partes do drama, imitação que se efetua, não por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação (Kãtharsis) dessas emoções”.

Embora a concepção do trágico seja uma resposta da maneira de pensar e sentir de cada época, o padrão fundamental da tragédia continuou e continua sendo o transmitido pelos gregos.

Vista por outro ângulo, a tragédia grega é a imagem do homem e dos deuses face ao destino inelutável, como está retratado em Édipo-Rei, de Sófocles.

Conquanto a epopeia tivesse servido de transmissor, a sua matéria-prima foi na verdade o mito e, por seu intermédio, pode também deixar entrever, momentos fundamentais da cultura humana, como em Prometeu Acorrentado e na Oréstia, de Ésquilo.

“O dionisíaco, com seu prazer primordial, percebido até mesmo na dor, é a matriz de que nasce a tragédia”. (Nietzsche)

Em sua forma, a tragédia grega compartilhava ao mesmo tempo do espetáculo dramático e da composição musical, numa mistura de diálogo, canto e dança, distribuídos entre os atores e o coro, este acompanhado por instrumentos musicais, ora intervindo diretamente no jogo cênico e contracenando com os intérpretes, ora participando isoladamente em passagens líricas ou coreográficas.

Originariamente sustentada por um só ator (protagonistés) a tragédia passou em seguida a ter dois figurantes, sendo o segundo denominado deuteragonistés.

Finalmente o tritagonistés, terceiro ator, foi admitido e, desse número a tragédia nunca passou, exceção feita de intérpretes menores, sem participação no diálogo ou com pequenas intervenções: mensageiros, aias, etc. Sob o ponto de vista teatral e dramático, a tragédia teve as seguintes partes:

1. Prólogo, cena introdutória dos atores – parte da tragédia que precede a entrada do coro;
2. Párodos, canto de entrada do coro e sua primeira recitação;
3. Epeisódion, correspondente aproximado do ato no teatro moderno, de número variável;
4. Stásimon, canto intermediário do coro, entre um episódio e outro;
5. Éxodos, canto coral ou cena final.

Com Eurípedes, o prólogo passou a ter sentido de exposição prévia dos fatos ou dos antecedentes da ação, ou ainda de comunicador das suas conseqüências, mediante fala de um ator ou equivalente.

Ocasionalmente o stasimon seria substituído por uma canção (um commus) cantado por um ator isolado ou acompanhado pelo coro.

A tragédia atingiu o seu apogeu com Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Estes grandes mestres da dramaturgia, que são, em certo sentido, mestres da vida.

You Might Also Like

Ésquilo, dramaturgo

janeiro 19, 2022

As Troianas, de Eurípedes

janeiro 19, 2022

Sófocles, dramaturgo

janeiro 19, 2022